State of the media in Southern Africa - 2004
As relações entre o governo e a comunicação social privada nunca foram cordiais - não que
necessariamente devesse ser assim - mas a situação piorou bastante em 2004.
O governo - através do Departamento da Informação - acusou os jornais privados de servirem
“os interesses imperialistas” dos governos do Reino Unido e Estados Unidos. O Zimbabwe
sempre manteve que os dois países fazem de tudo para inverter os ganhos do programa do
estado para ocupações de terrenos comerciais de primeira categoria.
A MIC - um órgão regulatório estatutário estabelecido em termos da AIPPA - atacou
consistentemente e persistente a comunicação social privada, ameaçando com o encerramento
sempre que tocassem na imagem do governo. Por causa da ambiguidade e das contradições na
lei, os pretextos usados para ameaçar os jornais nunca faltaram.
A ameaça de encerramento
Quase todos os jornais privados foram avisados ou ameaçados com encerramento. Estas ameaças
incessantes culminaram no encerramento do Tribune em junho.
A acção tomada foi condenada como sendo extremamente vingativa, pois resultou de um ataque
que o publicador do Herald, Kindness Paradza, fez à AIPPA. Paradza - que além de jornalista
também é membro da Assembleia para o partido no poder - atacou a AIPPA na Assembleia
Nacional, rotulando-a de ser uma lei ‘que não é democrática’. Centenas de jornalistas e outros
trabalhadores da comunicação social perderam o emprego quando o terceiro maior jornal
nacional foi forçado a fechar sob o peso repressivo da AIPPA.
Ao contrário de outros países noutras partes na região, onde os chefes de estado e de governo
se encontram com profissionais da comunicação social, o presidente Robert Mugabe abandonou
este hábito há muito tempo.
“Controlo absoluto”
Enchendo esse vazio, Moyo implementou o seu controlo absoluto sobre todos as actividades
da mídia estatal, fazendo uso de exercícios de reestructuração, de legitimidade duvidosa, mas
com o efeito desejado. O resultado foi a demissão de jornalistas e profissionais de mídia
experientes, que foram substituidos por profissionais moldáveis às ordens de Moyo.
Aqueles que ele imaginava serem seus inimigos - dentro e fora do partido no poder - foram
impedidos de terem acesso à comunicação social controlada por Moyo. Isto deixava o cidadão
comum perdido a respeito do que passava nos círculos do governo e sem saber quem estava ao
comando da elaboração da política e da ideologia socio-económica e política do governo.
Moyo conseguiu este ‘blackout’ de informação com a ajuda de leis contra a liberdade da
comunicação social e a liberdade de expressão, tais como a AIPPA, a Lei sobre a Ordem e
Segurança Pública (POSA) e a Lei dos Serviços de Radiodifusão (BSA).
Par dar ainda mais força à munição de que já dispunha e abusando da sua maioria na Assembleia
Nacional, o governo da Zanu-PF conseguiu a aprovação de uma emenda da AIPPA, para proibir
ou suspender jornalistas de praticar jornalismo sem acreditação da MIC. Trabalhar sem carteira
pode resultar numa multa de 600,000 dólares zimbabweanos ou dois anos de cadeia.
Difamação e libelo
Os casos de libelo contra jornais tornaram-se comuns até ao ponto de agora nem fazerem notícia.
So This Is Democracy? 2004

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Media Institute of Southern Africa

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