O respeito pelas questões éticas e a qualidade do profissionalismo são um desafio em Moçambique no que tange à garantia da qualidade dos conteúdos. Embora existam, no país, códigos de conduta como o Código de Conduta do Jornalista (aprovado em 2012 pelo Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) como instrumento de auto-regulacao) ou o código de conduta para a cobertura das eleições (institucionalizado pelo MISA-Mocambique e SNJ em 2008), a aplicação e observância desses instrumentos ainda náo é efectiva. Ampliaram-se as oportunidades de formação na área do jornalismo, com a abertura de cursos direcionados para a qualificação profissional neste ramo, tanto ao nível médio quanto de graduação e de pós-graduação. Os profissionais da imprensa também contam com programas de aprimoramento das técnicas da profissão. Apesar desse avanço, ainda persistem desafios no que diz respeito aos planos curriculares dos cursos, por estarem desfazados da real situação do mercado de trabalho, a falta de laboratórios equipados com tecnologias e equipamento de ponta para garantir a aprendizagem prática dos futuros profissionais, o que resulta na insuficiência nas competências específicas para o exercício da profissão. O processo da migração digital, a mudança do sistema analógico para o digital de televisão, é ainda um grande desafio que Moçambique enfrenta. Quanto à implementação do projecto no país, ainda são escassas as informações oficiais que explicitem todos os procedimentos técnico-operacionais. O maior problema é a falta de uma reflexão política e estratégica sobre este assunto, aliás, em parte, esse problema é decorrente da ausência de políticas públicas de comunicação no país. Por um lado, há que se clarificar as questões logísticas e financeiras porque até ao momento ainda não existem políticas de venda e distribuição dos conversores de sinal, sobretudo para as populações desprovidas de recursos financeiros que, actualmente, usam a televisão sem elevados custos. Por outro, existe o risco de se criar as chamadas “zonas escuras”, pelo facto de não haver infra-estruturas de distribuição de sinal, pelo menos ao nível do que é do domínio público. Sabe-se a partir dos meios de comunicação social que o governo iniciou a instalação de alguns equipamentos nas zonas fronteiriças de Moçambique com alguns países da região austral para evitar o pagamento de multas pela possível “captura” do sinal de outros países, como previsto nos regulamentos da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Para superar os problemas que enfraquecem o desempenho e o ambiente dos media em Moçambique, há necessidade de fortalecer um diálogo nacional sobre medias, acesso à informação e democracia. Um foco importante deveria ser a discussão de leis, que sejam atentatórias a um quadro democrático em termos de Liberdade de expressão, Liberdade de imprensa e direito à informação, com tomadores de decisão para fortalecer os fundamentos de uma governação democrática no país. Outra acção relevante é a advogacia para influenciar mudanças na legislação sobre a radiodifusão pública de forma a garantir que a Rádio e Televisão públicas tenham uma gestão independente e transparente. Para além desses problemas, há necessidade de se regulamentar os serviços de radiodifusão, pois a lei 9 BARÓMETRO AFRICANO DOS MEDIA MOÇAMBIQUE 2018