Provedor de Justiça, a verificação sucessiva da constitucionalidade desse mesmo
Decreto, aguardando-se ainda pelo posicionamento do CC.
No tocante ao acesso aos media destacam-se no país os meios de comunicação
do sector de radiodifusão (rádio e televisão), com maior ênfase na Rádio
Moçambique, com uma transmissão que alcança maior parte do território
nacional e cujos conteúdos são produzidos na maioria das línguas moçambicanas.
A televisão, por sua vez, é de menor abrangência do sinal, abarcando as capitais
provinciais e principais vilas, mas, mesmo assim, com uma influência considerável,
se se considerar os elevados níveis de iliteracia e a modesta circulação dos jornais,
com uma media abaixo de 10 mil exemplares (a cidade de Maputo possui uma
circulação acima da das demais urbes do país, mas, mesmo assim, em níveis
abaixo do que seria desejável). A fraca abrangência deve-se, por outro lado, à
falta de energia eléctrica no meio rural e peri-urbano (menos de 30 por cento dos
agregados familiares moçambicanos tem acesso à energia eléctrica, de acordo
com dados da EDM).
Quanto à comunicação alternativa, destaca-se o trabalho de mais de 100 rádios
comunitárias que têm fortalecido a capacidade das comunidades transmitindo
informações de e para a comunidade, em matéria de educação para a democracia
e cidadania, educação para a saúde pública, troca de experiências e técnicas de
produção entre os camponeses locais, bem como informar a população sobre a
prestação de serviço de interesse público. Um dos maiores constrangimentos das
rádios comunitárias em Moçambique tem a ver com a sua sustentabilidade, pelo
facto de serem fortemente dependentes dos recursos externos, uma vez que não
têm recebido apoio por parte das autoridades locais.
No que diz respeito aos conteúdos noticiosos divulgados nos meios de
comunicação, a qualidade continua, segundo o painel, a ser uma questão
preocupante, sobretudo quando se trata de situações de denúncias e de
temáticas ligadas à governação, à política, à economia e à transparência na
gestão do bem público. Conforme explicaram os painelistas, a imprensa pública
(jornais, rádio e televisão) não está devidamente protegida contra interferências
políticas ou de outra natureza, sendo sujeita a ordens e comandos editoriais
externos para a publicação de conteúdos ou a sua iliminação a favor do governo.
Outra constatação é a existência de desequilibrio na representação das vozes
entre homens e mulheres como fontes de informação noticiosa assim como
protagonistas de narrativas e histórias positivas e de sucesso. Aliado a isso, está
a falta de incorporação e integração de programas televisivos para pessoas com
necessidades especiais. De acordo com a análise do barómetro, a qualidade dos
conteúdos informativos também é prejudicada pela falta de especialização dos
jornalistas durante a sua formação.
O jornalismo investigativo continua ainda muito frágil por causa de limitações
de recursos e de problemas de sustentabilidade dos media o que concorre para
tendências de práticas de um jornalismo de cobertura de eventos, que decorre
em grande parte em Maputo e nas capitais provinciais em detrimento de outros
pontos do território nacional.

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BARÓMETRO AFRICANO DOS MEDIA MOÇAMBIQUE 2018

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