Português
Num tom menos sério, um jornalista
refugiado da República Democrática
do Congo (RDC), Roger Kamako, que
chegou a Angola em Abril de 2017, trabalha como jornalista numa estação de
rádio comunitária criada pela UNICEF
num campo de refugiados no Dundo,
no extremo nordeste de Angola, a poucos quilómetros da fronteira com a
RDC. Transmite informações de saúde
e higiene disponibilizadas pelas ONG,
bem como solicitações de outros refugiados que tentam localizar parentes
desencontrados.

Liberdade de Expressão
É cedo para poder formar um juízo sobre a situação de Angola em termos de
liberdade de expressão. Isto deve-se
principalmente ao número impressionante de mudanças radicais introduzidas
no último trimestre do ano pelo Presidente João Lourenço, cujos efeitos ainda
não foram sentidos e examinados. Para
uma análise mais aprofundada, consulte
a secção sobre Perspectivas para 2018.

Radiodifusão	
Outubro é ‘mês da rádio’ em Angola,
comemorando a primeira visita do
primeiro presidente de Angola aos estúdios da emissora nacional de rádio em
1977. Segundo os jornalistas angolanos,
a nova Lei de Imprensa (a lei ‘mãe’ para
toda a comunicação social), Lei 1/17, é
um retrocesso, pois anula ganhos conquistados com grande esforço, já consagrados em diplomas anteriores e não
cumpre a Declaração de Windhoek no
que diz respeito à obrigação do Estado
de promover os meios de comunicação.
Falando num evento no âmbito do mês
da rádio, um activista da sociedade civil
manifestou a sua decepção com a nova
série de leis para o sector de comunicação social aprovadas no início de
2016, que mais uma vez ignoram as rádios comunitárias. O activista é da opinião que não existem estações de rádio

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So This is Democracy? 2017

comunitárias em Angola no verdadeiro
sentido da palavra; as que existiam são
meras extensões da rádio nacional. O
SJA também se preocupa muito com a
questão, acrescentado que as estações
de rádio municipais criadas pela rádio
nacional não são estações de rádio comunitárias.

Acesso à Informação
Angola já tem legislação sobre o acesso
à informação desde 2002, na verdade, o
primeiro país em África. Em 2017, foram
acrescentadas outras duas leis, a Lei de
Protecção de Sistemas e Redes de Informação e a Lei Geral de Arquivos, esta
última, um instrumento para preservar
e valorizar o património histórico, cultural, documental e arquivístico do país,
incluindo documentos no exterior, desde que sejam considerados propriedade
ou pertencentes ao Estado angolano.

Comunicação social e Eleições
As eleições gerais de 2017, realizadas
em Agosto, testemunharam a tão esperada mudança da guarda no mais alto
nível de governo, com João Lourenço
a assumir o primeiro lugar na lista do
MPLA, substituindo José Eduardo dos
Santos, que estava à frente do partido e
do país há quase 40 anos. O MPLA ganhou as eleições com uma maioria reduzida, com votos suficientes para 150
lugares na assembleia de 220 lugares.
A UNITA, opositores de longa data,
conquistou 51 assentos. Isto representa
uma queda de quase 11% para o MPLA
e um ganho de 8% para a UNITA. Não
obstante esta reversão significativa, os
partidos da oposição contestaram os resultados, alegando que os votos a nível
provincial foram apurados em apenas
três províncias. A UNITA reclamou ter
havido fraude eleitoral e recorreu ao Tribunal Constitucional, onde apresentou
sete elementos principais para o tribunal
estudar. O tribunal rejeitou o processo,
afirmando que as provas apresentadas

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