State of the media in Southern Africa - 2003 Dira e seu editor em problemas No dia 25 de Novembro, o Governo de Zanzibar baniu o Dira, único semanário privado na ilha, pondo assim fim à vida a um dos mais lidos jornais de Zanzibar, após 51 acusações de estar a fomentar caos, incitar e criar ódio entre o povo e seu Governo. Desde então, a Administração do Dira tem recorrido ao tribunal para desafiar os Jornais do Zanzibar, Agência de Notícias e a Acta de 1988, que confere ao Ministro de Informação o poder de banir qualquer publicação com impunidade. Mesmo antes do fecho do Dira, o seu editor, Ali Nabwa, viu a sua nacionalidade retirada, sob alegação de que era dos Comores, mesmo depois de as autoridades deste país terem negado tal facto. Nabwa é o segundo jornalista a quem é retirada a nacionalidade nos últimos anos. A Jenerali Ulimwengu, presidente da Corporação Habari, foi retirada a nacionalidade, em 2001, sob alegação de ser ruandês, apesar de o Governo de Ruanda ter dito que não o era. Ulimwengu continua à espera de readquirir a nacionalidade, mesmo depois de ter requerido para o efeito. Por seu turno, o parlamento tem continuado a ameaçar, através de interrogações, a todos os que se atrevem a criticar algumas das suas decisões e o comportamento de alguns MPs. Joyce Nhaville, Director da Rádio UM e Televisão Independente (ITV) foi atormentado durante duas horas pelo Comité de Imunidades parlamentares, Poderes e Privilégios, por ter permitido que uma activista atacasse o comportamento moral de alguns MPs, através da Rádio que dirigia. Em Zanzibar, membros da Casa dos Representantes atormentaram Sarah Mosi, uma correspondente do jornal Majira, por mais de duas horas, e mais tarde interditaram-na por um ano de fazer reportagens sobre sessões parlamentares, alegadamente por “deturpar as sessões parlamentares”. De ma forma geral houve, contudo, poucos casos de ameaça e intimidação de jornalistas registados no ano passado, comparativamente aos anos anteriores. Diversidade e Pluralismo dos Mídia A forma como o jornalismo, cresceu na Tânzania na última década é verdadeiramente fenomenal. A partir de apenas cinco jornais, propriedade do partido no poder, e uma Rádio, em 1992, á indústria de informação subiu agora para 18 jornais diários, 53 semanários, e outras 42 edições regulares. Existem também 26 estações de rádio, 15 de televisão e 20 operadores de cabo espalhados pelo país. O número de jornalistas também cresceu de 230, em 1990, para cerca de 3000 hoje,enquanto á força laboral na indústria informativa está agora estimada em 10.000. A proliferação dos mídia privados e a consequente competição expandiu as escolhas do consumidor de notícias e informação. De sublinhar também que os recentes estudos indicam uma grande ligação dos cidadãos em matéria de notícias e informação sobre assuntos públicos. Um estudo feito pela LIVIGA (2001) e MISA (2003), indica que a maioria dos tanzanianos depende da Rádio (1.5%) em matéria de notícias e informação sobre assuntos públicos, enquanto 63.1% depende de jornais, e 5.3% recorrem à televisão para ter informação política, entre outros assuntos. Enquanto o importante papel desempenhado pelos mídia na actual arena política não pode ser subestimado, há também um cada vez mais crescente conhecimento de que os mídia não são necessariamente objectivos ou correctos no tratamento da verdade. Os leitores, telespectadores e ouvintes lamentam o facto de os jornalistas errarem muito em várias ocasiões, e de não serem de facto seguros, sendo muitas vezes desonestos Concentra-se demasiado no que é errado e no que é conflito, não se prestando atenção suficiente à divulgação e explicação do que é trabalho So This Is Democracy? 2003 93 Media Institute of Southern Africa