O presente estudo foi realizado depois de um período
intenso da política moçambicana, nomeadamente a
realização das eleições locais de 2018 e as legislativas,
presidenciais e provinciais de 2019. Na sequência deste
processo político, a estrutura administrativa modificouse profundamente, a começar pela organização da
administração local. Com efeito, um processo de
negociação da paz sustentável entre o Governo de
Moçambique e o partido Renamo resultou em mais
uma emenda da Constituição de 2004 para acomodar
uma nova configuração do espaço público local. Uma
modificação de relevo circunscreveu-se na alteração
das modalidades de indigitação dos Governadores
das Províncias que passaram a ser eleitos por via das
Assembleias Provinciais ao mesmo tempo que se criava
um novo órgão de Representação do Estado a nível das
províncias, a Secretaria de Estado na Província. Estas
configurações da estrutura administrativa participaram
na instauração de um ambiente de incerteza quanto
aos espaços de disponibilização de informação. A nível
local, as competências de exercício de actividades
entre o Governo da Província, o Secretário de Estado
e as Autarquias confundem não só a estas estruturas
administrativas locais, como ao cidadão sobre
onde solicitar a informação específica sobre quais
procedimentos.
Para além das alterações nas formas de organização da
estrutura administrativa local, as eleições significaram
mudanças das lideranças das organizações, tanto a
nível dos órgãos locais assim como do nível central
como indigitação, por exemplo, de novos ministros e
outras alterações no xadrez da estrutura administrativa
resultado de novas nomeações. Para um contexto
de baixo nível de institucionalização dos princípios
administrativos e sobretudo de muita centralização nas
lideranças, a alternância destas modifica fortemente
a natureza do seu funcionamento. Estas alternâncias
influenciam o funcionamento das organizações e a
sua relação com o cidadão. Assim, instituições que
tinham registado um avanço nas avaliações anteriores
baixaram drasticamente sem uma explicação de ordem
administrativa estratégica.
Embora se trate de um estudo que cobre uma
monitoria anual, em termos de aprofundamento da
implementação da LEDI, passam quase cinco anos e,
teoricamente, o nível de aprendizagem e socialização
do processo de disponibilização pode ser um dado

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adquirido pelas instituições detentoras de informação
de interesse público. Com efeito, o MISA Moçambique,
para além do processo de monitoria, junto com o
Ministério da Administração Estatal e Função Pública
(através do CEDIMO), tem desenvolvido actividades de
apoio a melhoria das capacidades institucionais para
gestão de informação. Nestes termos, o estudo procurou
fazer uma análise diacrónica da disponibilização da
informação pelas instituições públicas e as que gerem
informação de interesse público através da LEDI. Assim
usou-se como base de comparação o estudo realizado
em 2018, mas também dos anos precedentes no
sentindo de apreender a evolução do processo durante
a implementação da lei acima citada.
Os resultados do estudo irão ajudar o MISA a
desenhar acções mais interventivas para a melhoria
da implementação da LEDI e dos procedimentos da
disponibilização da informação de interesse público.
Efectivamente, cinco anos depois da promulgação
da lei, há todo interesse de apreender as mudanças
mais significativas do processo, as boas práticas a
serem reproduzidas e aprofundadas para melhoria da
transparência das organizações públicas permitindo
melhor acesso a informação e explorando as novas
tecnologias. O pressuposto básico é que um Estado
de Direito Democrático deve-se afirmar através das
suas práticas de transparências e disponibilização de
informação como princípios básicos para a participação
do cidadão na vida pública.
Foram submetidas para avaliação dez (10) instituições
observando o princípio de continuidade com a inclusão
de algumas instituições compreendidas na última
avaliação de 2018, bem como algumas de 2016 e 2017.
É preciso sublinhar que em 2019 não houve avaliação
sobre instituições abertas e fechadas. A continuidade
para avaliação destas instituições permitiu seguir e
analisar o nível de aprendizagem, resultado não só da
passagem do tempo, mas também das intervenções
do MISA-Moçambique. Em alguns casos, como foi
o da Moçambique Celular, MISA-Moçambique tinha
empreendido acções de pressão como também foi
o caso do Município da Cidade da Matola que foi em
2018 galardoado com o reconhecimento de sanção
como a instituição mais fechada (cadeado de ouro) das
avaliadas naquele ano. Todo processo de avaliação das
instituições foi informado e enquadrado pelo regime
jurídico de acesso e disponibilização de informação em
Moçambique.

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MOZAMBIQUE

FUNDAMENTAÇÃO E
PARÂMETROS DO ESTUDO

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