State of the media in Southern Africa - 2004
Ambiente Legislativo
Não houve nenhuma mudança significativa que afectou o ambiente legislativo para a
comunicação social. Também não surgiu nenhuma medida legislativa nova que afectasse a
comunicação social, mas - como já dito acima - a luta para reintroduzir o projecto da Lei da
Liberdade Informação continuou.
No entanto, o período testemunhou ataques contra direitos constitucionalmente consagrados,
em particular a liberdade de ideas e a liberdade de expressão. Isto veio à tona a 5 de fevereiro
de 2004, quando Roy Clark, um colunista no jornal privado Post recebeu ordens para sair do
país dentro de 24 horas por supostamente ter insultado o presidente Levy Mwanawasa e dois
ministros do seu gabinete num artigo publicado no jornal do Post a 1 de janeiro, 2004.
Clark, na sua coluna semanal, o espectador, supostamente referiu-se ao Presidente Mwanawasa
como um ‘muwelewele’ (um tolo) e usou linguagem ofensiva ao se referir aos ministros do seu
gabinete. Vários grupos condenaram as ações do ministro, que o Editor Adjunto de Notícias do
Post, Amos Malupenga descreveu de ‘bárbaras e descabidas’. Ele argumentou que as autoridades
deviam ter procurado uma maneira melhor de tratar do caso em vez de recorrer à deportação.
A luta pela liberdade da comunicação social recebeu uma grande ajuda quando, a 26 de abril,
o juiz Philip Musonda do Tribunal Supremo de Lusaka rejeitou a ordem de deportação emitida
pelo ministro contra Clark, declarando que esta era ilegal e violava a liberdade de expressão.
Na sua decisão, o Juiz Musonda disse que Clark tinha demostrado que a ordem de deportação
violava a seção 26 (2) da constituição, que trata de direitos constitucionais, incluíndo a liberdade
da expressão e do direito de não ser discriminado pelo estado.
Mantendo a comunicação social na escuridão
Um outro incidente ocorreu a 3 de fevereiro 2004, quando a comunicação social e o público
foram negados acesso a uma sessão para investigar alegações de má conducta profissional, feitas
pelo presidente Mwanawasa contra o alto oficial dos Serviços de Justiça, Mukelebai Mukelebai.
O Juiz Esau Chulu decidiu que o julgamento decorreria a portas fechadas, apesar de um pedido
do advogado de Mukelabai, Vincent Malambo, que estas deviam ser abertas ao público.
O MISA-Zâmbia declarou na altura que “... jornalistas existem para informar o público e por
isso julgar um processo a portas fechadas é uma violação dos direitos dos jornalistas assim
como negação de informação ao público”.
Brutalidade policial: comunicação social sob ameaça
Outros casos incluíram a detenção por 4 horas, de dois repórteres da Rádio Lyambai, uma
estação de rádio comunitária em Mongu (581 quilômetros ao oeste de Lusaka). Os dois foram
detidos pela polícia por supostamente estarem a incitar a população da aldeia à violência.
Joseph Ngenda e Dennis Mwiiya, ambos produtores da Rádio Lyambai foram detidos a 20 de
fevereiro 2004, por três policiais armados por terem apresentado um programa que os policiais
disserem ter provocado o motim, durante o qual habitantes de Imwiko agrediram um suposto
sequestrador e pegaram fogo à sua casa.
Mwala Kalaluka, um repórter do Serviço de Informação da Zâmbia que estava a cobrir o
motim, foi detido por duas horas. Os policiais ameaçaram disparar se ele não parasse de
So This Is Democracy? 2004

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