Os media Tanzanianos puderam sobreviver 16 anos após o reintrodução do sistema multipartidário no país, mesmo nos casos onde expuseram escândalos tanto do governo quanto do partido no poder, não foram devido à protecção da liberdade dos meios da lei, mas ante o apoio político, especialmente dos ex-presidentes Mwinyi, Mkapa e o actual Kikwete. Por exemplo seria de recordar que quando o Editor Geral de um semanário em swahili, Mwanahalisi, o Sr. Saed Kubenea foi atacado no seu escritório e lhe foi atirado ácido a sua vista, foi o Presidente Kikwete que foi uma das primeiras pessoas que foram o consola-lo internado no Hospital Nacional Muhimbili de Dar Es-Salaam. No seguinte dia, o Presidente instou os profissionais de comunicação social a manterem-se firmes na divulgação dos males que apurarem. Entretanto, deveu-se a esta falta da legislação que assegura a existência da liberdade dos media em Tanzânia que alguns meses mais tarde o Ministro da Cultura, Informação e Desportos, Sr. George Mkuchika suspendeu por três meses o Mwanahalisi (com recurso a Lei dos media de 1976) argumentando que o semanário humilhara, no seu artigo de fundo, o Chefe d Estado e a sua família. A acção e o argumento do ministro em torno da história do efeito de que o seu filho, Sr. Ridhwani Kikwete, estava sendo usado, aparentemente sem o seu conhecimento, por indivíduos (provavelmente prestes a enfrentar a intensidade extrema da lei por causa das suas práticas corruptas) com vista a assegurar que o seu pai não seja reconduzido ao actual cargo para mais um mandato de cinco anos. Prevê-se que o banimento por três meses do Mwanahalisi tenha o seu termo no dia 12 de Janeiro de 2009. Curiosamente, desta vez o Presidente manteve-se silencioso na saga, suscitando mais questões do que respostas. Por conseguinte, se se tivesse que resumir o estado da liberdade dos media em Tanzânia ao longo de 2008, não seria uma distorção afirmar que o ano registou esforços adicionais empreendidos por vários jornalistas a fim de se assegurar que os males que afligem a nação fossem revelados de forma que todos vissem e desse modo forçar o governo a tomar medidas. As reportagens dos media forçaram a exoneração do Primeiro-Ministro, Edward Lowassa e dois Ministros de energia e de Recursos Minerais (na altura ministro em exercício) Nazir Karamagi e o seu antecessor, Dr. Ibrahim Msabaha. A exoneração de Lowassa e dos dois ministros ocorreu na sequência da sua participação no que veio sendo conhecido como a saga de Richmond. Isto envolveu a sua decisão de forçar a Empresa de Abastecimento de Electricidade da Tanzânia, Tanesco, a celebrar um acordo com uma Empresa suspeita de aluguer de geradores de gás. O negócio visava resolver as interrupções no abastecimento de electricidade causados pela seca. O saga de Richmond não teria vindo à luz se não fosse a persistência dos media sobre o assunto. Alguns meses mais tarde o então ministro para o desenvolvimento de infra-estruturas, o Sr. Andrew Chenge foi forçado a renunciar após um fiscal britânico de combate a corrupção, SFO, acusa-o de ter depositado um milhão dólares Norte Americanos, tratando-se de rendimentos de corrupção, numa conta bancária no exterior. O ministro ganhara o dinheiro como luvas pelo fornecimento do Radar ao governo tanzaniano durante a administração do ex-Presidente Mkapa. So This Is Democracy? 2008 -107- Media Institute of Southern Africa