O Barómetro Africano dos Media
Moçambique – 2018
Sumário Executivo
A sexta ronda do Barómetro Africano dos Media (AMB) para Moçambique foi
realizada nos dias 03 e 04 de Agosto de 2018, na Localidade de Macaneta,
Distrito de Marracuene, na Província de Maputo. A mesma contou com a
participação de painelistas oriundos de instituições da comunicação social, de
organizações da sociedade civil, do ensino e pesquisa com interesse e ligação
particular com as matérias ligadas à comunicação social em Moçambique.
Os painelistas seguiram e aplicaram as metodologias propostas para a realização
da avaliação, em que se caracterizam por discussão aberta e fundamentada,
seguida de pontuação dos diversos indicadores, neste caso, dos 39 indicadores
que constam deste barómetro de 2018. Devido a alguns desafios técnicos e
logísticos, a publicação do Barómetro Africano dos Media 2018 atrasou-se.
O contexto político em Moçambique passou desde o excercício do AMB por
mudanças importantes, como reformas constitucionais que ampliam o escopo da
descentralização política, introduzindo as eleições dos governadores provinciais
e alteram o figurino das eleições autárquicas (presidentes eleitos como cabeças
de lista), tanto como um processo de debate social aprofundado em torno de
uma convivência democrática após a assinatura dum acordo de paz definitiva
(01.08.2019), que deveria pôr fim ao conflito político-militar entre o governo
da Frelimo e o maior partido da oposição, Renamo. Por isto, facilitadores e
painelistas concordaram em adicionar referências de actualização sobre os novos
desenvolvimentos ocorridos durante o período da sua edição.
O AMB 2018 conclui que em Mocambique os Media operam num contexto legal
caracterizado pela liberdade de imprensa e de expressão, apesar de a sua prática
estar a ser marcada por muitos e graves retrocessos, sobretudo nos últimos
três anos, manifestando-se sob a forma de perseguição, ameaça, detenções,
processos-crime, assassinatos e atentados contra profissionais de imprensa como
uma forma de reprimir o exercício das liberdades de imprensa e de expressão.
Quanto à violação da liberdade de imprensa, resultados de pesquisa divulgada
pelo MISA, no ano passado indicaram que em 2017 houve 21 casos de violação
deste direito e em 2018 foram notificados 32 casos. Dos diversos casos de
violações, caracterizados por ameaças de morte, impedimentos a jornalistas o
acesso à cobertura de eventos relevantes, a confiscação de equipamentos de
trabalho pela polícia, agressões físicas, assaltos nas redacções e detenções,
que se verificaram nos últimos anos em análise, destacam-se, como dos mais
graves, o baleamento do académico e então comentador do programa “Pontos
de Vista” da STV, José Jaime Macuane, em 2016 e o rapto, as torturas e o
baleamento ao jornalista e activista de direitos humanos, Ericíno de Salema,
enquanto comentador do Programa “Pontos de Vista” da STV, em 2018.

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BARÓMETRO AFRICANO DOS MEDIA MOÇAMBIQUE 2018

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