VIA A SEGUIR

Desenvolvimentos recentes e o caminho a
seguir
1. Desenvolvimentos (ou mudanças) se registaram no
ambiente da comunicação social nos últimos dois/
três anos

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Nos últimos anos, podem se constatar retrocessos, no exercício da liberdade
de expressão em Mocambique e uma certa “cultura de medo”, após
alguns casos emblemáticos de intimidação de vozes críticas e até ataques a
comentadores políticos e jornalistas.

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Observa-se a prática de auto-censura no sector dos media e um cuidado de
evitar de cobrir certas temáticas noticiárias.

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A aprovação do Decreto número 40/2018, de 23 de Julho, através do
qual são introduzidas exorbitantes taxas ao licenciamento de meios de
comunicação social e renovação de licenças (rádios comunitárias inclusas)
tanto como à acreditação de correspondentes nacionais e estrangeiros,
é contrária às boas práticas internacionais e atentatória à liberdade de
expressão. O Decreto foi introduzido sem consultas ao sector dos media.

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Não existe, em Moçambique, uma lei de participação pública no processo
legislativo, instrumento esse que estabeleceria as regras de jogo quanto
às referidas consultas. Decorre, há alguns anos, um processo envolvendo
o sector empresarial e algumas organizações da sociedade civil, visando a
propositura e posterior aprovação duma lei tal no país, embora resultados
concretos ainda se esperam.

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Em Novembro de 2018, houve um seminário, promovido pelo GABINFO,
sobre harmonização da legislação do sector dos media, não se sabendo
se as propostas já foram ou não, finalmente, submetidas à Assembleia da
República, para discussão e aprovação.

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A qualidade de jornalismo está em crise. Regista-se um superficialismo no
relato dos factos, uma falta de rigor, violação da ética jornalística, confusão
entre factos e opiniões e não existe a cultura de seguimento dos assuntos;
O Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) e MISA-Mocambique possuem
códigos voluntários de ética e do professionalismo elaborados em linha
com os princípios que informam a auto-regulação dos media. Os mesmos
são, essencialmente, virados para os períodos eleitorais, durante os quais
às vezes até são estabelecidos mecanismos visando a sua monitoria, com
base no princípio da pressão de pares. Fora dos períodos eleitorais, embora
esses códigos existam, os mesmos não se fazem sentir, não havendo quem
monitore a sua observância.

BARÓMETRO AFRICANO DOS MEDIA MOÇAMBIQUE 2018

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