Português ex-presidente, que na prática controlavam os canais TPA2 e TPA Internacional da emissora pública. Os jornalistas dos órgãos da comunicação social pública receberam com agrado a notícia e o retorno a uma gestão por jornalistas de carreira. No final do mês, Filomeno dos Santos, presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano, foi afastado do controlo directo do fundo e subordinado ao Secretário de Estado do Orçamento e Investimento Público, que por sua vez subordinado ao Ministro das Finanças. O fundo soberano é estimado em 5 mil milhões de dólares e abundam acusações de irregularidades. Ainda em Novembro, João Lourenço nomeou novos quadros e directores em todos os órgãos de comunicação públicos (emissoras nacionais de rádio e televisão, agência noticiosa, jornal diário nacional), altura em que afirmou que só com liberdade de expressão e de imprensa o país poderá caminhar para a verdadeira democracia, na medida em que são direitos consagrados na Constituição da República de Angola, e devem ser respeitados por todos. Disse ainda que a comunicação social deve dar mais voz ao cidadão. Esta mensagem lembra uma declaração do novo ministro da Comunicação Social, João Melo, que em Outubro defendeu que, para aumentar a credibilidade, os órgãos públicos da Comunicação Social devem praticar um jornalismo equilibrado, pluralista, diversificado, pragmático e contextualizado; não um jornalismo burocrático e administrativo. Numa indicação clara de que as coisas estão a mudar, o novo chefe do Jornal de Angola, Victor Silva, no seu primeiro editorial do jornal, referindo-se à destituição de Isabel dos Santos como chefe da Sonangol, disse que “o novo ciclo político, afinal, não tem feito mais do que foi prometido durante a campanha eleitoral com acento 24 So This is Democracy? 2017 na moralização da sociedade através do combate à corrupção, do fim da impunidade e da abertura de oportunidades iguais para todos”. Silva acrescentou que as mudanças quase sempre visam trazer novas dinâmicas e não devem ser vistas como meras substituições de figuras e nomes. Sobre a saída de Isabel dos Santos da Sonangol, disse que, como pessoa politicamente exposta (PEP), ela era um obstáculo ao desenvolvimento; durante o seu mandato, o endividamento da empresa havia piorado e as relações com operadores estrangeiros eram complicadas; a petrolífera nacional não conseguia os financiamentos externos necessários. Em Dezembro, o novo presidente exonerou o procurador-geral João Maria de Sousa das suas funções, cargo que ocupou por uma década. João Maria de Sousa não é desconhecido da classe jornalística, tendo sido alvo de várias peças de investigação do jornalista activista Rafael Marques, resultando em várias batalhas judiciais de longa duração. A mais recente destas está ainda a decorrer, em que Rafael Marques e Mariano Brás são acusados de injúria contra uma autoridade pública de insultarem uma instituição de soberania. O jornalista Eduardo Gito iniciou uma campanha pela imediata absolvição dos dois coacusados. Também em Dezembro, João Lourenço reestruturou as directorias de várias empresas públicas em outros sectores. Lourenço deu outros passos em direcção à reforma, inclusive concedendo uma amnistia temporária a angolanos ricos dispostos a repatriar suas fortunas escondidas no exterior. E ameaçou tomar medidas legais contra aqueles que não cumprem. Ninguém sabe exactamente quanto dinheiro a elite tem fora do país, mas economistas angolanos estimaram