State of the media in Southern Africa - 2003 Há uma total concordância entre jornalistas na Tânzania, de que a falta de segurança laboral, baixo salário e as deploráveis condições de trabalho levaram a uma cruel cobrança de impostos, e assim, os padrões éticos determinados pelos vários segmentos profissionais permanecerão letra morta, a não ser que seja compreendido o ambiente em que os jornalistas vivem e trabalham. No tocante a horas de trabalho, enquanto ao abrigo do Capítulo 366 do Decreto Laboral um empregado que não seja doméstico não pode trabalhar mais do que 45 horas semanais, ou oito diárias, sem pagamento de horas extras, a maioria de jornalistas na Tanzania (45.45%) trabalha acima de 12 horas por dia, o que equivale a mais de 84 horas por semana. Curiosamente, apenas 18.68% de jornalistas inquiridos disse receber horas-extras. Comparando com horas de trabalho em outros países: Austrália (38), Suécia (40), EUA (37.5), Perú (40) França (39) África do Sul (40-45) e Portugal (30), fica claro que os jornalistas na Tanzania trabalham mais horas do que os seus colegas em qualquer outro lado, ao sol, e ainda por cima são os menos pagos. Todavia, convém realçar a ligação entre os problemas mais éticos dos media e as condições de trabalho. O suborno, chantagem, decepção, roubo intelectua, intrusão na vida privada e, acima de tudo, a corrupção, são as consequências imediatas. Enquanto os pequenos sindicatos são um instrumento muito útil para os trabalhadores com vista à sua agregação e articulação dos seus interesses, apenas 9.09% de jornalistas fazem parte de sindicatos, e mesmo estes estão desiludidos com o Sindicato de Jornalistas da Tanzania (TUJ), descrevendo-o como totalmente inútil Uma parte do problema é a frágil natureza dos sindicatos, ainda emergentes, após 40 anos de desmobilização e desorganização de trabalhadores. Convém, todavia, concluir recomendando para esforços concertados na institucionalização dos mídia dentro de um Quarto Estado de domínio. Ênfase deve ser dado à garantia constitucional da liberdade dos mídia e liberdade de expressão, melhoramento do ambiente de trabalho, formação profissional e credibilidade dos media junto do povo. So This Is Democracy? 2003 96 Media Institute of Southern Africa