subscritos por quase todos os principais órgãos de comunicação social do país; a
aplicação desses instrumentos ainda não é efectiva. Por outro lado, sob o ponto
de vista de auto-regulação, não existe um mecanismo, pelo menos funcional, que
lide com reclamações públicas sobre a actuação dos media.
As oportunidades de formação na área de jornalismo têm também aumentado,
sobretudo com o crescimento e surgimento de mais instituições de formação, a
nível médio e superior, sem contar com os cursos de curta duração oferecidos por
diversas entidades. Porém, é preciso notar que existe ainda um deficit de qualidade
dos cursos oferecidos pelas instituições de ensino formal, sobretudo pelo facto de
os seus curricula não responderem aos interesses e às preocupações do mercado,
muito por conta da incapacidade das instituições de ensino de estabelecerem uma
ligação com o mercado de jornalismo, para além dos problemas de deficiências
nos recursos humanos qualificados e laboratoriais para o ensino de jornalismo.
A Radiodifusão Pública continua a ter problemas de independência dos seus
conteúdos e de um Conselho de Administração que represente os interesses dos
cidadãos, sobretudo por falta de uma Entidade Reguladora Independente que
garanta que a radiodifusão pública funcione ao serviço dos cidadãos. Este facto
deriva, por um lado, por não se terem verificados avanços na proposta da lei de
radiodifusão, continuando esta regulada pela lei de imprensa (18/91, de 10 de
Agosto); por outro lado, a dependência das empresas de radiodifusão pública
do governo, tendo o seu financiamento directamente canalizado pelo Governo,
por via de contratos-programa que a RM e a TVM assinam com o Ministério das
Finanças e os gestores de topo indicados pelo Governo, isto derivado do facto
destas empresas, legalmente, serem equiparadas a qualquer empresa pública,
através da aplicação da lei 17/91 de 3 de Agosto de 1991.
A Migração Digital – do analógico para o digital – é outro tema problemático que
poderá colocar em causa o acesso à informação aos cidadãos, em Moçambique.
Pela forma como o processo está orientado, não existe informação pública
clara sobre o que está a ser feito para o respeito aos prazos, mesmo faltando
poucos meses para o switch-off acordado ao nível da União Internacional das
Telecomunicações (UIT). Acresce-se a isso as questões de custos de conversores
de sinal cuja politica de acesso e comercialização ainda não é publicamente
conhecida, para além de a sua média de venda no mercado estar acima da
capacidade de muitos cidadãos.
Finalmente, para ultrapassar estas situações que colocam em causa o ambiente
dos media, em Moçambique, dentre várias acções, urge fortalecer as organizações
socioprofissionais da defesa da causa da liberdade de imprensa e de expressão,
para além da necessidade de remover todas as barreiras legais que limitam as
liberdades de imprensa e o direito à informação. Torna-se ainda importante
incentivar a monitoria das questões éticas com o recurso aos mecanismos de
auto-regulação e aplicação dos instrumentos internacionais de liberdade de
imprensa e de expressão em Moçambique.

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BARÓMETRO AFRICANO DA MEDIA MOÇAMBIQUE 2014

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