Em jeito de ultimato, este desejo foi
manifestado em Luanda pelo Arcebispo do Lubango, D. Gabriel Bilingue,
que preside actualmente os destinos da
Conferência Episcopal de Angola e São
Tomé (CEAST). D. Bilingue falava na abertura da 2ª Assembleia-geral da CEAST.
“Não sei, mas espero bem que seja este
o último ano em que a nossa Rádio Ecclésia se encontra a patinar aqui em
Luanda sem que possa ser ouvida em
toda a extensão do território nacional.
Considero isto uma contínua violação
dos direitos de cidadania dos nossos
compatriotas”. Não foi a primeira vez
que nesta batalha, a hierarquia católica
pressiona directamente o Executivo,
mas desta vez saltou à vista o tom mais
enérgico colocado nesta exigência pelo
Presidente da CEAST.
Sendo sempre muito difícil de
confirmar por fontes independentes
credíveis, a informação oficial em Angola continuou em 2012 a obedecer a
uma gestão política que normalmente
aconselha os governantes a não abrirem
muito as portas dos gabinetes onde é
produzida alguma estatística, sobretudo
quando ela pode ser menos “simpática”
para a imagem do Executivo.

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Luanda espelha bem a incapacidade
dos poderes públicos de encontrarem as
soluções mais adequadas para enfrentarem os graves desafios criados pela
urbanização, fruto de fluxos populacionais que desaguam todos os dias nas
suas fronteiras, provenientes do interior
do país.
Há cada vez menos capacidade de
absorção efectiva desta crescente e
assustadora pressão demográfica, por
mais investimento público que se faça
na capital, por mais planos que se elaborem, por mais forças da ordem que
se recrutem, por mais campanhas de
educação cívica ou de resgate dos valores morais que se façam. A um ritmo
frenético, Luanda está a aproximar-se
rapidamente das cidades mais problemáticas do planeta.
O que teremos (e já começamos a
ter) é um perfeito caos urbano, visível,
particularmente, nos gigantescos engarrafamentos que ameaçam todos os
dias paralisar a cidade e no alargamento
da cintura de miséria social com todos
os seus derivados e consequências,
onde a criminalidade é, obviamente, a
mais ameaçadora e destruidora.




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