Angola
ritorial, que é o ministério responsável
pela Comissão Nacional Eleitoral. Os
partidos da oposição manifestaram a
sua objecção, exigindo a sua remoção.
Questionado sobre a independência
do órgão eleitoral e conflito de interesses, Bornito de Sousa disse que constitucionalmente e juridicamente não
havia incompatibilidade. Assegurou
que o processo é suficientemente transparente, sem qualquer intervenção humana.

Documentos do Panamá
O Fundo Soberano Angolano foi apanhado na malha fina das investigações
mundiais realizadas após as revelações
contidas na fuga de informações conhecida como os Documentos do Panamá.
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação ligou o FSDEA a
uma série de figuras-chave em Angola,
Alemanha, Suíça e Rússia, todas mencionadas nos Documentos do Panamá.
Investigações revelaram uma ligação
entre uma empresa petrolífera americana e vários políticos poderosos em
Angola. De acordo com os documentos vazados, cerca de quinze empresas
testa-de-ferro encaminharam fundos
através de contas no banco UBS. O
ministro do Petróleo Botelho de Vasconcelos foi citado nos jornais, mas o activista e jornalista de direitos humanos
Rafael Marques acredita que há mais,
“incluindo o vice-presidente Manuel
Vicente”. Em Março, o FSDEA comunicou num relatório interno que US $ 486
milhões tinham desaparecido do fundo,
um montante aproximadamente equivalente a 10% dos activos. No entanto,
esta informação só foi tornada pública
em Setembro. Diversos relatórios de
investigação ligaram o Fundo a acordos ocultos envolvendo empresas ligadas ao dirigente do FSDEA, Filomeno
Dos Santos, e a outras entidades, entre
estes o Banco Kwanza Invest, fundado

pelo próprio Filomeno Dos Santos. O
FSDEA negou qualquer irregularidade
e afirmou que as suas actividades são
auditadas pela Deloitte & Touche, com
relatórios regulares à Directoria do Tesouro Nacional e ao Tribunal de Contas.

O Prensar da Lei
Depois de mais de uma década na
gaveta, Angola em Novembro de 2016
finalmente promulgou um conjunto de
leis contempladas na Lei de Imprensa
de 2006. A própria Lei de Imprensa foi
actualizada para garantir a compatibilidade com a nova Constituição (2010).
O novo texto é iniciativa de ninguém
menos que o próprio Presidente Eduardo Dos Santos. Além de uma nova
versão da Lei de Imprensa, o súbito
impulso veio com um novo elemento,
a criação da Entidade Reguladora da
Comunicação Social Angolana (ERCA)
– o novo órgão agora responsável pela
regulação da comunicação social, substituindo o Conselho Nacional de Comunicação Social. A ERCA – a ser criada
em conformidade com a Lei da ERCA –
será essencialmente o árbitro final sobre
a maioria dos aspectos da comunicação
social, especialmente a profissão do
jornalismo. O MISA-Angola manifestou preocupação com a composição do
órgão de 13 membros, composto por
11 representantes de partidos políticos
e 2 escolhidos entre profissionais de
comunicação social. Sob o pretexto de
oferecer assistência profissional às organizações de comunicação social para
garantir a conformidade com as leis e
regulamentos, a ERCA “organizará e
manterá uma base de dados em nome
das organizações e empresas de comunicação social sujeitas à supervisão da
ERCA, para permitir a avaliação de sua
conformidade com a lei”. A ERCA terá a
atribuição de “zelar pelo cumprimento
da ética e deontologia profissional dos
jornalistas”; “fiscalizar o cumprimento

So This is Democracy? 2016

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