No mês de Abril o escritório de representação do MISA em Luanda desenvolveu uma campanha sucessiva de 13 semanas na rádio Ecclésia no âmbito da campanha regional de Abertura das Ondas, com um programa de uma hora e a presença de diversos convidados da sociedade civil e de todos os espectros políticos. A campanha teve um impacto positivo na opinião pública que reclamou a existência de um verdadeiro serviço público de radiodifusão, a expansão do sinal da rádio Ecclésia. O escritório do MISA em Angola realizou ainda um outro seminário sobre a radiodifusão em colaboração com o Sindicato dos Jornalistas Angolanos onde se preconizou, entre outras reivindicações a existência de rádio regionais. Diversidade dos media O surgimento do Cruzeiro do Sul em meados de 2005 ( especificar mês) um semanário privado publicado principalmente em Luanda e em Benguela que se afirma de vocação regional foi o acontecimento mais marcante entre os media em geral. O jornal partidário da UNITA de carácter mensal ( Terra Angolana) recomeçou também a sua publicação. Consumou-se o desaparecimento do semanário privado Actual. A contínua recusa das autoridades angolanas de extensão do sinal da rádio católica Ecclesia para outras províncias invocando argumentos legais conduziu o Vaticano a realizar a retransmissão dos principais serviços daquela rádio através da sua emissora em ondas curtas. O jornal electrónico Apostolado, da igreja católica, também reforçou a sua presença a par do serviço de notícias da Nexus, entre os já existentes na media estatal. Existe um défice claro ao nível de todos os media em matéria das tecnologias de comunicação e informação. Solidariedade entre os media Em meados de 2005 as principais associações sócio-profissionais de jornalistas ( SJA, Ajeco, Aida) decidiram apresentar uma plataforma conjunta ao ministério da Comunicação Social relativamente ao projecto de Lei de Imprensa onde manifestaram as suas principais preocupações sobretudo em matéria de criminalização, restrições em matéria de radiodifusão. Por outro lado a imprensa privada fez eco da não extensão do sinal da rádio Ecclésia e das revindicações laborais dos jornalistas da rádio 2000, do Lubango, província da Huíla. Em todo o caso, a solidariedade entre os media representa um elo fraco da cadeia,pela sua irregularidade. Conclusões O ano de 2005 confirmou a existência em Angola de uma imprensa privada activa como um factor importante no processo de transição para a democracia, pese a limitação dos títulos cuja distribuição se reduz praticamente a capital do país. A governamentalização dos media estatais sobretudo da rádio e da televisão, assim como a inexistência de um verdadeiro serviço público levanta sérias preocupações em matéria de pluralismo e independência, sobretudo quando se encara a realização de eleições gerais dentro de um ou dois anos. Dificuldades de gestão dos media, um ambiente político e de negócios pouco propício ( riscos e custos elevados) ao desenvolvimento de uma Imprensa pluralista e independente. A dimensão do problema da corrupção tanto ao nível social como no seio dos próprios media levanta problemas éticos muito sérios relativamente a credibilidade profissional. A prática antiga de infiltração de agentes dos serviços de inteligência nos media contribui ainda para a criação de um clima de suspeição inusitado entre os jornalistas e no público. So This Is Democracy? 2005 -33- Media Institute of Southern Africa