O

quadro geral político e legal dos media em Angola em 2005 caracterizou-se, grosso modo
pelas seguintes linhas de força:

• a pertinência de uma dicotomia no no processo de transição para democracia, com uma
clima geral e relativo de liberdades na capital e maiores atropelos, ignorância ou violação
das mesmas no interior do país;
• indefinição e protelamento sucessivo da data de realização das eleições gerais e todas as
atinentes medidas políticas e legais;
• persistentes violações dos direitos humanos (liberdade de expressão, manifestação, direito à
habitação, acesso a informação) e concomitante ausência de resposta adequada das
autoridades;
• o arrastar do processo de reformulação da lei de imprensa; a tomada de posse do provedor de
justiça à margem das recomendações da sociedade civil;
• défice de pluralismo com a incidente governamentalização dos media estatais e inquietantes
sinais de intolerância política principalmente no interior;
• fracturas persistentes e inconsistência das actors políticos (oposições) e da sociedade civil
na busca de plataformas alternativas e protagonismo coerentes;
• continuação dos factores de erosão social como a pobreza generalizada, corrupção, iliteracia,
violência policial.

Relações entre o Governo e os media
Embora não se tenham registado grandes momentos de crispação entre os media e o Governo
durante o ano de 2005, é preciso sublinhar a constante ambivalência da attitude do Executivo
face aos media estatais por um lado e face aos media privados, por outro, traduzida na
governamentalização dos primeiros. As frequentes denúncias de casos de corrupção nos media
privados não foram esclarecidas na maior parte dos casos, remetendo as autoridades para
alegados casos de “desinformação” com intervenção externa. O escritório de representação do
MISA em Angola denunciou vários atentados a liberdade de imprensa ( censura nos media
governamentais, ameaças genéricas a jornalistas por parte de oficiais do governo) durante ano
de 2005.
As antigas promessas de apoio à imprensa através da isenção de taxas de importação de papel
não foram concretizadas. Enquanto o Governo considerou como “avanços importantes” várias
propostas inovadoras contidas no projecto de lei de imprensa, os media privados, e instituições
como o SJA, o MISA-Angola e a igreja católica consideraram-nos como insuficientes.

Quadro legal
O quadro legal dos media não se alterou em 2005 devido a discussão tardia do projecto de lei
de imprensa que não chegou a ser aprovado pelo parlamento naquele ano.
Por conseguinte continuou a pairar sobre os media o espectro da criminalização da actvidade
jornalística.
A eventual transferência, contida no projecto de lei de inprensa, para o Executivo e através de
dispoasições específicas, da competência da Assembleia Nacional de legislar em matéria relativas
aos direitos,liberdades e garantias dos cidadãos preocupou bastante os media e a sociedade
civil durante o ano de 2005, assim como os conceitos de segurança e segredo de estado imanentes
daquele projecto. Ficariam assim muitas questões omissas no projecto-lei remetidas para o
denominado pacote complementar.

Constituição
A liberdade de imprensa e a liberdade de expressão embora estejam asseguradas na Constituição
sofreram em 2005 graves atentados. O caso mais grave foi a contínua recusa pelas autoridades
So This Is Democracy? 2005

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Media Institute of Southern Africa

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