Apesar de Moçambique e a Tanzânia estarem entre
os países africanos com leis de acesso a informação,
tiveram as pontuações mais baixas entre os nove países
inquiridos no que diz respeito à resposta a pedidos de
informação. Moçambique tiveram uma média de taxa
de respostas de 14 pontos e a Tanzânia de 16 pontos.
Em contrapartida, a Namíbia conseguiu uma taxa de
respostas muito boa, com uma média de 25 pontos, em
que as instituições com o pior e o melhor desempenho
obtiveram 13 e 34 pontos respectivamente, de um total
de 40 pontos.

Esta é o 11º Relatório de Avaliação de Transparência
produzido pelo MISA, que examina a abertura e
transparência das instituições públicas na África Austral.
Entre Junho e Agosto de 2020, foi levado a cabo um
estudo em nove países, nomeadamente, o Malaui,
Moçambique, a Namíbia, Essuatíni, a Tanzânia, a
Zâmbia, o Lesoto, o Botsuana e o Zimbábue. Nos seus
respectivos países, investigadores nacionais enviaram
pedidos de informação a uma lista de instituições e
aguardaram receber respostas às suas perguntas em
21 dias. Avaliaram também se estes órgãos públicos
disponibilizam informação relevante (que vão desde
dados para contacto a informações sobre orçamentos)
de forma proactiva nas suas plataformas online.

O MISA regista com interesse as Comissões Eleitorais
da Zâmbia e do Malaui que demonstram um elevado
grau de transparência, acumulando 32 e 33 pontos
respectivamente. O Malaui realizou eleições gerais
este ano, enquanto a Zâmbia vai às urnas em 2021. A
Autoridade de Qualificações [académicas] do Botsuana
conquistou a pontuação mais elevada de todas as
instituições inquiridas de toda a região.

É também importante referir que a avaliação de
2020 foi feita no contexto da pandemia de COVID-19,
situação em que alguns países como o Botsuana e o
Zimbábue estiveram sujeitos a um regime de contenção
ininterrupta, que algumas instituições utilizaram
como desculpa para não disponibilizar a informação
solicitada.

É gratificante registar que várias instituições migraram
para plataformas online. No entanto, é importante que
estas plataformas sejam actualizadas com frequência.
O estudo assinalou que alguns dos sites foram
actualizados pela última vez há mais de três anos, o
que os torna irrelevantes se as informações estiverem
desactualizadas.

Muitas vezes ouvimos políticos dizer que a democracia
não enche a barriga. Recorrem a estas palavras
como justificativa para não priorizar o acesso a
informação. E, no entanto, a ligação entre o acesso
a informação e o objectivo mundial de redução da
pobreza é perfeitamente clara. O acesso a informação
é necessário se pretendermos investir os cidadãos do
poder de exercer o direito de escolha e controlo sobre
as decisões que afectam as suas vidas.

Do lado positivo, no Zimbábue no dia 1 de Julho de
2020 o Presidente Emmerson Mnangagwa promulgou a
Lei da Liberdade de Informação, criada no âmbito da
revogação da Lei de Acesso à Informação e Protecção
da Privacidade (AIPPA) de 2002, há muito amplamente
desacreditada. No Malaui, o recém-eleito presidente
Lazarus Chakwera prometeu pôr em funcionamento a
Lei de Acesso à Informação de 2017 para acabar com a
cultura de secretismo e garantir a responsabilização do
governo.

A participação efectiva no processo democrático
exige cidadãos bem informados. E o compromisso na
defesa de uma governação aberta e transparente não
é negociável se se pretende que as pessoas tenham
acesso a informações de que necessitam para pedir
contas aos seus governos, criar confiança, reduzir a
corrupção e participar de forma activa e efectiva no seu
próprio desenvolvimento.

Os capítulos do MISA em Essuatíni, na Namíbia e na
Zâmbia prosseguem a aprovação de leis de acesso a
informação nos seus respectivos países para maior
abertura e transparência do governo.

A avaliação deste ano revelou que a maioria das
instituições públicas inquiridas tem uma presença
online robusta. Embora seja um passo na direcção
certa para promover o acesso público a informação,
esta evolução pode também servir para silenciar os
cidadãos devido à falta de empenho dos funcionários
públicos nessas plataformas.

RETURN TO CONTENTS PAGE

4

PANORÂMICA

PANORÂMICA REGIONAL

Select target paragraph3