Para além da aprovação da Lei do jornalista, foi criada ainda em 2008, a Direcção dos Serviços Secretos e de Segurança, que é vista pela fraternidade dos órgãos de comunicação social como tendo implicações podem por em causa a cultura e tradição democrática do país, acreditando que a sua criação ira limitar as liberdades civis e democráticas. Foi também aprovada a Lei do Serviço Público, esta em curso a criação do Sistema de Comunicação e Informação do Governo, entretanto há relutância do Governo em introduzir a Lei de Liberdade de Informação, cuja inexistência dificulta o livre fluxo de informação e concorre contra a liberdade de imprensa. A atitude recente do Governo de impor uma multa proibitiva de P1000 e um período de espera de doze meses para pessoas que precisem de repor passaportes perdidos tem implicações sérias para a liberdade de movimento e subsequentemente, para a liberdade de expressão. Relacionamento órgãos de comunicação social – Governo O relacionamento entre o Governo e os órgãos de comunicação social é caracterizado por mútua desconfiança, acusações e contra – acusações. O Estado tem preconceitos em relação aos órgãos de comunicação social, particularmente em relação aos órgãos de comunicação social independentes, por isso a tendência do Governo de instituir medidas que criam restrições aos órgãos de comunicação social independentes. Um dos exemplos desta situação é o facto de, num passado não distante, os órgãos de comunicação social estatais terem de tornado instituições com objectivos meramente comerciais. A Constituição da República do Botswana defende a liberdade de expressão embora limitada por questões de segurança de estado república, ordem pública e o direito dos indivíduos a privacidade e por aí em diante. De um ponto de vista histórico, o Governo do Botswana tem dominado os órgãos de comunicação social do país e esta tendência inapropriada continua a prevalecer. Em 2008, houve muitos casos de interferência e manipulação governamental nos órgãos de comunicação social estatais. Um apresentador da estação de Rádio Nacional, a Rádio Botswana, foi forçado a cancelar o seu programa matinal no dia 17 de Novembro de 2008, por ordem do Director da Rádio, Mogomotsi Kaboyamodimo. Numa tentativa desesperada de conquistar a simpatia do público e vencer a batalha contra o álcool, a Presidência da República ordenou aos órgãos de comunicação social estatais que divulgassem histórias e programas enfatizando os efeitos negativos do álcool. A directiva, da mais alta instância, ordenava que a imprensa estatal escrita e electrónica retratassem o álcool como sendo socialmente inaceitável e com efeitos destrutivos para a sociedade. Isto foi feito ao cair do pano de um caso contra o Governo. Os órgãos de comunicação social, escrita e electrónica, controlados pelo Estado continuam dominantes. O jornal diário controlado pelo Governo, que apresenta na sua maioria notícias e anúncios do Governo, é distribuído gratuitamente e compete de forma injusta com os órgãos de comunicação social independentes através da venda de espaço para publicidade. Os planificadores do Governo continuam relutantes em reconhecer a imprensa independente como um empreendimento viável de geração de emprego. Por estas e outras razoes como a aprovação, pelo Governo da Lei do Jornalista de 2008, o frágil relacionamento entre o Governo e os órgãos de comunicação social atingiu um ponto baixo. So This Is Democracy? 2008 -23- Media Institute of Southern Africa