datada de 1991, que instou os governos africanos para se empenharem mais na liberalização do espaço dos media. Há muito mais estações de rádio em alguns países da África Austral, mais jornais, mais cidadãos que acessam a Internet e a telefonia móvel. Por outro lado, a África Austral, em muitos aspectos, continua uma selva em termos de media e políticas de comunicação consistentes e democráticas. Os governos da Zâmbia, Namíbia, e Moçambique são mais abertos para interagirem com os meios do que antes. Estes são os desenvolvimentos positivos dignos de elogio que merecem menção. Muitos outros ainda são hostis aos media privados, enquanto mantêm um forte apoio aos media estatais Os media são muito sensíveis às ameaças e os investidores e as comunidades interessados nos meios preocupam-se por quaisquer indicações de hostilidade dos governos, sejam reais ou fictícias. Muitas vezes assume-se que os media seriam facilmente compreendidos, que os governos assumiriam visto que os governos democráticos devem estar de mãos dadas com os media livres e que os que estão no poder compreenderiam as suas obrigações perante os cidadãos em geral mesmo os que os opõem, através da expansão do espaço democrático. Entretanto, a realidade manda dizer que este não é o caso da África Austral. A região tem ainda as leis e as políticas divergentes, restritivas, contraditórias contribuindo todas para a estagnação e regressão em países como o Zimbabwe e a Suazilândia. A pergunta colocada pelo repórter da One Africa-TV, continua pertinente, porque razão não há nenhum apoio político para o desenvolvimento dos media. A resposta na minha opinião reside nos corredores de muitos ministérios da informação e instituições governamentais. A maioria dos governos da África Austral tem falta de capacidade de compreensão e apreciação da relevância, importância e papel dos media. A maioria dos ministérios da informação e comunicação são maioritariamente vistos como departamentos de relações públicas do governo. Não são ministérios em prol de desenvolvimento. O pior ainda, a democracia não é vista como parte de processos do desenvolvimento nacional, mas antes um incómodo isto é, no melhor serviço pago através de eleições regulares. Estes ministérios são orientados para defender o governo e o partido no poder; que dirige as rádios e televisões nacionais e nalguns casos como o Zimbabwe, afectam-se indivíduos que desempenham duplos papéis, como comissários de partidos políticos e profissionais de comunicação social. A maioria dos governos da região ainda travam batalhas contra os inimigos, reais ou fictícios, internos e externos em detrimento do envolvimento das suas comunidades no desenvolvimento dos meios. Por esta razão, no Zimbabwe os media do estado são parte da terceira Chimurenga da terceira revolução. Os inimigos e as vítimas são concidadãos, jornalistas locais e empresas jornalísticas que são fechadas. Um exemplo típico da revolução que devora os seus próprios filhos. Esta luta deixou de longe os povos atrás e os líderes estão marchando sózinhos na defesa das “conquistas da independência”, ou seja na defesa da sua turfa e privilégios políticos. A capacidade de formular e implementar politicas que cultivam os media é por conseguinte bastante afastada das agendas de desenvolvimento dos governos na região. Muitos governos estão abertos ao licenciamento e livre criação de entidades comerciais que bombardeiam os cidadãos com conteúdo estrangeiro, ao invés de desenvolverem vozes independentes que podem portar a diversidade de opiniões da sociedade. Esta pergunta da falta de apoio político para o desenvolvimento dos media na região é aguda como se vê nos países até aqui estáveis como a Tanzânia, fechando jornais por causa de relatórios críticos. A África do Sul, o gigante político e económico, esforça-se para controlar a sua rádio e televisão (SABC). Muitos governos estão preparados para rotular qualquer critica como sendo de motivação política. O papel real dos media como um fiscal nos centros do poder é considerado de má vontade. Entretanto os cidadãos da África Austral precisam de emprego, unidades sanitárias, os cidadãos querem informação informativa e empoderadora, os cidadãos precisam de políticas que reforçem So This Is Democracy? 2008 -6- Media Institute of Southern Africa