a praticar uma estratégia de sobrevivência em vão.
As reacções não tardaram – muitos jornalistas criticaram o discurso de Chissano, dizendo que
o discurso foi um desabafo por ter sido obrigado pelas circunstâncias a viver num ambiente de
abertura, mas que a final Chissano não favorecia, ao contrário do que tentou manifestar nas
suas declarações oficiais.
O jornalista Lourenço Jossias, editor do jornal semanário ZAMBEZE, disse que o anterior
Presidente da República tinha acabado de comprovar não ter conhecimento do papel verdadeiro
jogado pelo midias massivos numa sociedade democrática.
Ele disse também que para alem do pluralismo de ideias que os tais jornais de sobrevivência
criam, este jornais também ajudam indivíduos tais como o anterior Chefe de Estado pagando
taxas ao Estado. Em adição, eles ajudam a baixar os níveis elevados de desemprego.

Sobre as agressões
Em 2005, houve alguns casos de agressão contra os profissionais dos midias. Estes incidentes
constituem sem dúvida uma preocupação para a totalidade do ambiente livre que se pretende
alcançar, contudo não constitui um exagero notar que tais casos não colocaram em perigo os
aspectos positivos testemunhados no período sob análise.
Os serviços de monitoria do MIZA Moçambique reportaram dois casos de grande preocupação,
nomeadamente o assalto a mão armada contra o jornalista Jeremias Langa, editores do Grupo
dos Midias chamado SOICO (STV, Sfm, O País e a Revista Fama).
Consta que o Jeremias Langa foi violentamente atacado no dia 27 de Janeiro daquele ano
enquanto deslocava-se do serviço à casa. Os assaltantes disseram-lhe que ele “falava demasiado”
e que “ele deveria tomar cuidado para que nada lhe aconteça, conforme foi o caso de Carlos
Cardoso.” Em consequência desta assalto, este jornalista Moçambicano perdeu a sua viatura
privada!
Um outro incidente considerado como extremamente grave ocorreu na província de Sofala,
que envolveu dois profissionais do Diário de Moçambique, nomeadamente o jornalista António
Chimundo e um repórter fotógrafo Jorde Ataíde. Ambos foram presos enquanto estavam em
serviço por dois agentes das Forças de Intervenção Rápida (FIR), que alegaram que os jornalistas
tinham acabado de cometer um crime por ter fotografado-lhes sem autorização.
Durante o incidente em questão, o Chimundo (por coincidência é o Agente de Informação do
MISA na província de Sofala) e Ataíde perdeu a sua máquina fotográfica digital confiscada
pelos agentes e ao mesmo tempo as fotografias guardados na disquete foram apagadas.
Para além dos dois casos registados acima, houve outros incidentes menores. Por exemplo, em
Fevereiro do mesmo ano, o Perfeito da Cidade de Pemba, sedeado na cidade capital de Cabo
Delgado, ameaçou tomar medidas legais contra o jornal “Horizonte”, editado naquela parcela
do país, por ter publicado um artigo sobre uma greve que estava preste a ter início organizada
pelos trabalhadores daquela instituição, que há muito tempo exigiam melhores condições de
trabalho.
Na tentativa de aumentar a sensibilização sobre a necessidade da existência de uma imprensa
verdadeiramente livre e funcional num clima sem ameaças, a Direcção Executiva do MISA

So This Is Democracy? 2005

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Media Institute of Southern Africa

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