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m 2005, os midias massivos continuaram a prestar a sua contribuição ao fortalecimento e
edificação democrática em Moçambique, o local onde se pode gozar de um espaço
privilegiado para realçar uma das atitudes mais nobres que se pode encarar num clima de
pluralismo de ideais: praticando a cidadania.
Esta realidade enfrentou obstáculos, apesar do facto que a imprensa de modo geral ser livre,
houve incidentes que causaram um cenário de liberdade, testemunhados desde a entrada em
vigor da Lei Número 18/91, de 10 Agosto, há cerca de 14/15 anos atrás, vulgarmente conhecida
como a Lei de Imprensa.
Alguns dias depois da elaboração de uma análise anual, concretamente nos meados de Dezembro
de 2004, o público e a democracia em geral podiam ver um sinal amarelo para a imprensa e
porque o governo aprovou um decreto que aumentava a 1100 por cento as multas praticadas
relativamente aos crimes de imprensa.
Para alem das multas serem 10 vezes mais caras do que anteriormente, surgiram algumas
preocupações pelo sector judicial, questionando a habilidade do decreto para alterar as leis
ordinárias – conforme foi o caso – contradizendo desta forma a tradição na técnica legislativa.
Existem aqueles que, na maioria dos casos, pensam que ter poderes decisivo é o mesmo que os
objectivos justificam os meios, e não o contrário.
No fim do mesmo ano (2004), a Assembleia da República (AR) aprovou a primeira Constituição
verdadeiramente democrática da República (CR) desde a sua aprovação pelos Deputados eleitos
através do escrutínio directo, secreto e universal, ao contrário do que estava a acontecer
relativamente as Constituições anteriores. Decidiu-se que as novas leis fundamentais entrariam
em vigor no dia 03 Fevereiro 2005, isto é, no dia seguinte a data de tomada de posse do novo
Presidente da República Armando Guebuza, eleito nas eleições gerais de 02 Dezembro 2004.
A nova lei fundamental continua a defender a existência da liberdade de imprensa e de expressão,
que de modo geral é boa.

Sinais de abertura ao oposto do desabafo de Chissano
Na sua primeira semana como novo Chefe de Estado de Moçambique, Armando Guebuza
convidou os editores dos órgãos dos midias massivos principais para um pequeno-almoço na
sua residência oficial. Certamente, o convite foi considerado como uma abertura relativamente
ao mandato do sucessor de Joaquim Chissano, que liderou os país durante 18 anos.
Como prova desta abertura, durante o ano de 2005, Guebuza deu início a algo vastamente fora
do comum relativamente ao seu antecessor – a inclusão de jornalistas dos midias independentes
nas suas viagens para o estrangeiro. Esta iniciativa beneficiou os midias nacionais mais
expressivos e, conforme ficou claro, os seus leitores, ouvintes e telespectadores da televisão
que começaram a beneficiar de uma informação diversificada ao contrário do que acontecia
anteriormente.
No mesmo ano, o anterior Chefe de Estado Joaquim Chissano, uma figura bem conhecida no
pais e não só, como amigo próximo da imprensa, proferiu um discurso durante as obras
linguísticas e de radiodifusão organizada pelo Rádio Moçambique por ocasião do seu 30
aniversário que foi traduzido em um ataque à imprensa sem precedentes.
De facto, Chissano manifestou publicamente a sua “preocupação” relativamente a proliferação
dos midias massivos, tendo especialmente feito referência aos midias distribuídos via fax e email. Ele chegou até a dizer que, no seu ponto de vista, os proprietários destes midias estavam
So This Is Democracy? 2005

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Media Institute of Southern Africa

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